terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Crianças brasileiras utilizam a tecnologia informática cada vez mais "

“Crianças brasileiras utilizam a tecnologia informática cada vez mais”
Um dos maiores “burburinhos” no meio educacional é como proceder com a Informática na Educação Infantil. Alguns radicalmente contra, outros totalmente a favor e alguns nem contra nem a favor, ou seja, não há unanimidade quanto este uso. Mas um fato é que estes alunos estão vivenciando seu mundo e este mundo tem a Informática como algo fundamental na existência. E, sem contar, a própria curiosidade dessa faixa etária ao ver os pais, irmão, familiares e etc, trabalhando, se divertindo, comunicando com um PC ou um notebook. E eles querem participar, afinal, devem pensar “também sou filho de Deus”… Mas como professores e escola devem proceder com tais máquinas e os pequenos? Abaixo um excerto de um texto em que sou co-ator com algumas dicas sobre o ato de pensar a Informática para a Educação Infantil. Gallo (2002) aponta que em 1998 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil já trazem incentivo para o uso das tecnologias na educação:
“Ao reconhecer as crianças como seres íntegros, que aprendem a ser e conviver consigo próprias, com os demais e o meio ambiente de maneira articulada e gradual, as Propostas Pedagógicas das Instituições de Educação Infantil devem buscar a interação entre as diversas áreas de conhecimento e aspectos da vida cidadã, como conteúdos básicos para a constituição de conhecimentos e valores. Desta maneira, os conhecimentos sobre espaço, tempo, comunicação, expressão, a natureza e as pessoas devem estar articulados com os cuidados e a educação para a saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, a cultura, as linguagens, o trabalho, o lazer, a ciência e a tecnologia (Parecer CEB022/98, MEC).”
Podemos entender que a Educação infantil, ao trabalhar com sujeitos em formação pode utilizar-se de recursos informatizados desde que articulados com uma proposta pedagógica sustentada pelo coletivo escolar. Desta forma, a informática não será vista como vitrine, como mero atrativo para pais e alunos.
Portanto, uma questão fundamental são os critérios para escolha do software . O professor, seja de qual etapa do ensino (do infantil ao universitário) deve e precisa conhecer e ter critérios para a escolha do software de acordo com o grau dos seus alunos e com as propostas pedagógicas que ele destinou à sua atividade de ensino. Como exemplo, apresenta critérios interessantes para que possamos analisar softwares destinados à educação infantil. São eles:
a) O material fornece condições para as crianças expressarem suas idéias em: imagem, som, palavras e música;
b) O programa oferece ajuda sob a forma oral para a criança;
c) O programa oferece ajuda sob forma escrita para a criança;
d) O programa permite que a criança dê outras soluções para as questões que propõe, diferentes daquelas que apresentadas por ele;
e) O programa permite que a criança possa expressar-se através da escrita;
f) O programa permite que a criança possa comparar o que escreveu com a escrita convencional;
g) Os recursos multimídia do programa proporcionam contato com diferentes formas de escrita;
h) O programa permite que as atividades proposta sejam impressas;
i) As atividades impressas possibilitam situações de leitura e escrita.

Daí a necessidade da coerência pedagógica do professor somada a conhecimentos, pelo menos, superficiais de modelos de softwares e sua arquitetura, bem como seguir uma espécie de checklist que contenha critérios que são fundamentais e importantes para comporem o software que o professor deseja de acordo com suas necessidades e estratégias pedagógicas. Acima, apresentamos um exemplo de avaliação de software educacional, mas a lista pode ser acrescentada ou diminuída de quaisquer situações que sejam do agrado e de acordo com as estratégias do professor e da escola que se destina o software.
João da Silva Filho descreve perspectivas interessantes ao se pensar no uso de computadores na educação infantil:
1. a introdução das novas tecnologias no âmbito da educação infantil não descartará a figura do professor; 2. a introdução das novas tecnologias no âmbito da educação infantil implicará, sim, na necessidade de uma nova postura por parte do educador e na apropriação de novas habilidades por parte deste; 3. entre estas habilidades novas exigidas pela inserção destas tecnologias emergentes na educação infantil, destaca-se a capacidade de lidar com os equipamentos e os programas a nível prático-reflexivo, quer dizer, a nível do saber-fazer e do saber-saber (o que utilizar, como utilizar, quando utilizar, por que utilizar, etc.) 4. a existência de diferentes propostas educacionais para o trabalho educativo como “…ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens” (DUARTE, 1998, p.85) exige uma tomada de posição por parte dos educadores na hora de decidir de que maneira incorporar estas tecnologias emergentes em seu trabalho com as crianças pequenas; 5. há uma prática social contraditória que envolve as promessas de um projeto cultural de emancipação e cidadania, e esta contradição reflete-se nas possibilidades de se fazer uma educação coerente com a finalidade de produzir-se uma sociedade mais humana, mais democrática e mais solidária; 6. a introdução destas tecnologias na educação infantil, tanto como objeto de estudo quanto como ferramenta pedagógica, deve cumprir uma função primordial de socialização da cultura e de contribuição que ajude a superar as desigualdades sociais e os entraves a uma cidadania plena; 7. as propostas pedagógicas e as concepções ensino-aprendizagem que subjazem sob parte considerável dos softwares educativos para crianças pequenas ainda não incorporaram propostas mais modernas que levam em conta a importância da atividade e iniciativa da criança no processo de integrar-se a uma cultura e de constituir-se como sujeito; 8. muitos dos materiais disponíveis, principalmente programas(softwares), apresentam problemas de instalação, manipulação e uso, atrapalhando a incorporação dos mesmos no cotidiano da educação infantil; 9. em muitos programas para crianças pequenas ainda é possível identificar conteúdos que veiculam estereótipos violentos e discriminatórios em relação a gênero, raça, religião, costumes, etc. (1998, p. 8-9) Além das questões que Silva Filho apresenta não podemos deixar de lado as características desses “novos tempos”. Hoje, a Informática faz parte da vida cotidiana de crianças a adultos, todos a utilizam de alguma forma, seja para o entretenimento quanto para o trabalho e os computadores estão presentes em todas as camadas da população, havendo, inclusive, um aumento significativo nas camadas populares.